Paraná renova e amplia força-tarefa dos bombeiros no RS 08/05/2024 - 13:37
A força-tarefa do Corpo de Bombeiros Militar do Paraná (CBMPR) que atua na pior tragédia natural da história do Rio Grande do Sul está sendo renovada e ampliada nesta quarta-feira (8). Um grupo de 37 bombeiros militares foi deslocado de várias partes do estado para substituir a equipe que já vinha trabalhando nas regiões afetadas por enchentes desde a madrugada de 2 de maio. Assim como a primeira leva de profissionais enviada, esta também é formada por pessoal com treinamento em grandes desastres. A previsão é que eles permaneçam no território gaúcho até o próximo dia 16, sob a liderança do capitão Maurício Batista Dubas.
Outra medida de apoio ao estado vizinho atualizada pelo governo do Paraná foi a prorrogação até o dia 22 de maio da campanha SOS RS, organizada pela primeira-dama Luciana Saito Massa e a Coordenadoria Estadual da Defesa Civil. Alimentos não perecíveis (inclusive ração animal), além de água potável, materiais de higiene e limpeza, roupas e calçados, utensílios domésticos, roupas de cama e banho, colchões, colchonetes e cobertores podem ser entregues em qualquer unidade do CBMPR, das 8h às 20h. Roupas, itens de cama e banho e utensílios domésticos podem ser levados ao Provopar, entre 10h e 17h. As unidades do Instituto Água e Terra (IAT) também estão recebendo doações.
Comandante-geral do CBMPR, o coronel Vasco, que esteve presente na saída da equipe de Curitiba, na manhã desta quarta-feira (8), da sede do GOST (Grupo de Operações de Socorro Tático), destacou o trabalho da Corporação no Rio Grande do Sul e ressaltou a solidariedade da população paranaense. “Já passamos de 500 toneladas de arrecadação, é uma das maiores que aconteceu dentro do Estado. O Corpo de Bombeiros está com mais de 2 mil voluntários cadastrados em todo o estado para ajudar com as doações nos quartéis. De forma muito carinhosa, tenho de agradecer a todos esses voluntários que trabalharam ontem até às 23 horas de forma exaustiva, mas também vibrante e muito carinhosa”, declarou.
O comandante-geral do CBMPR também destacou a importância desse rodízio entre os integrantes da força-tarefa. “Os nossos bombeiros trabalharam durante esses oito dias de forma incansável, dormiram muito pouco, em colchonetes, trabalhando cerca de 20 horas por dia. Isso faz com que esse rodízio seja importante para que tenhamos uma tropa com energia renovada, pronta para o melhor atendimento”, explicou ele.
O raciocínio foi reforçado pelo capitão Dubas, que destacou ainda que a troca dos componentes da força-tarefa é reflexo natural do principal desafio nesse tipo de ocorrência. “A principal dificuldade é a situação como um todo. É trágico. E, mesmo a gente estando preparado, ver as pessoas sofrerem afeta o psicológico do militar”, comentou. Assim como o comandante-geral, ele também ressaltou o aspecto físico, em que o desgaste causado pelo esforço braçal nos trabalhos de campo é acentuado pela falta de descanso qualificado.
“A mente e o corpo trabalham ao extremo, são levados ao extremo. E você está operando equipamentos, dirigindo viaturas, então isso exige bastante do militar”, acrescentou. “Mesmo com todo preparo, a estafa mental e física chega em dado momento. A troca é para não comprometer a operação, colocar em risco as pessoas que estão sendo ajudadas e os próprios bombeiros”, concluiu.
Resgates - Durante os seis primeiros dias de atividade nas cidades gaúchas, o Corpo de Bombeiros Militar do Paraná (CBMPR) foi responsável pelo resgate de 930 pessoas, além de centenas de animais.
O novo contingente paranaense no Rio Grande do Sul deve seguir trabalhando no resgate de vítimas da enchente e no transporte de remédios, profissionais e materiais. “O primeiro momento, nesse tipo de desastre, é de salvamento. Das pessoas que precisam de ajuda imediata, em que o risco à vida é iminente. Ainda temos essa situação por lá. Nesse sentido, vamos atuar com o salvamento ainda, seja com embarcações ou com a aeronave”, falou o capitão Dubas.
Aos poucos, outras atividades podem ser desempenhadas pelas equipes de segurança, como a busca pelos desaparecidos. “Independentemente do tipo de atividade, de serviço, a gente vai dar continuidade, ajudando as pessoas que estão necessitadas, minimizando o seu sofrimento da forma mais eficiente e mais profissional possível”, falou o líder da nova força-tarefa.
A equipe se desloca em caminhonetes com tração nas quatro rodas, capazes de encarar terrenos adversos e acidentados. Na bagagem, as dez viaturas levam mais quatro embarcações - outras nove já estão sendo utilizadas por lá -, motores para essas embarcações, além de material para manutenção e equipamentos de proteção individual, inclusive aqueles voltados a situações de água rápida, como inundações.
A projeção do comandante da missão é de encontrar um cenário delicado, com o nível dos rios ainda exigindo atenção e com muita gente em situação de risco - a previsão do tempo, inclusive, aponta mais chuva, ventos fortes e até granizo. Mas o capitão Dubas entende que em quase uma semana de operação de socorro, os diversos atores envolvidos nesse mutirão de ajuda já desenvolveram um modo de atuação mais propício a cada localidade. Essa experiência adquirida facilitaria o processo de apoio às vítimas.
“Cria-se uma expertise. Você chega no local, entende o que está acontecendo e o que precisa ser feito. O apoio, a resposta que se necessita, acaba acontecendo num tempo menor e com uma qualidade maior para todos os envolvidos”, comentou o bombeiro paranaense.