Com 1,5 mil pessoas e animais resgatados, Paraná encerra operação no RS 23/06/2024 - 12:38

Depois de 52 dias de ação, que resultaram em 1.030 pessoas e 529 animais resgatados, o Corpo de Bombeiros Militar do Paraná (CBMPR) encerrou neste sábado (22) a operação de ajuda ao Rio Grande do Sul. Os últimos 11 integrantes da Força-tarefa de resposta a desastres que ainda estavam em missão, retornaram neste fim de semana para suas bases.

Durante o período da operação, mais de 150 bombeiros militares foram enviados para o território gaúcho, em seis equipes que se revezaram a cada 7 ou 10 dias. Eles prestaram auxílio à população de pelo menos 13 cidades inundadas pelas fortes chuvas no fim de abril e início de maio. Na terceira e última fase da missão, quando iniciadas as ações de busca e resgate, as equipes do CBMPR tiveram reforço de cães - três deles (Hórus, Bruce e Acauã) foram mobilizados uma vez e outros dois (Eva e Skull) participaram duas vezes na operação.

“Foram quase dois meses de operação. Teve a fase inicial, de salvamento de pessoas, em que ajudamos bastante. Atuamos também em uma 2ª fase, de ajuda humanitária, e, por fim, estávamos na fase de busca de pessoas desaparecidas”, relatou o major Ícaro Gabriel Greinert, comandante do Grupo de Operações de Socorro Tático (GOST) e um dos responsáveis pelos trabalhos da força-tarefa do CBMPR.

“Essa fase permanece. É uma operação lenta, demorada. Então, em consonância entre as secretarias de segurança pública dos dois estados, acabou-se por optar pela desmobilização nesse momento, como já ocorreu com outros estados. Estamos entre os últimos a deixar o Rio Grande do Sul”, complementou.

As equipes que atuaram pelo Paraná no território gaúcho são parte da força-tarefa do CBMPR, que tem 120 integrantes, todos bombeiros militares voluntários. Após o curso de capacitação, eles ficam de sobreaviso durante um ano para serem mobilizados em caso de operações especializadas e de grande porte. O trabalho desse grupo foi fundamental nos desafios impostos pela pior tragédia natural da história do Rio Grande do Sul. E todo o esforço não passou despercebido.

“Uma avaliação mais técnica nossa, do Corpo de Bombeiros, é que pudemos atestar a praticidade que a organização da Força-Tarefa trouxe na substituição, no aparelhamento e no emprego das equipes em campo. Percebemos um ganho muito grande na organização desse tipo de operações longas e bastante exigentes”, atestou o subcomandante-geral do CBMPR, coronel Antonio Geraldo Hiller Lino, responsável pela Força-tarefa. A aprovação também veio de agentes externos que acompanharam de perto o trabalho paranaense no estado vizinho.

“A população gaúcha, reiteradas vezes manifestou aos nossos bombeiros no Rio Grande do Sul o seu agradecimento por toda ajuda prestada. Tivemos feedback positivo também do Corpo de Bombeiros Militar do Rio Grande do Sul e de outras corporações do país, pela organização das nossas equipes e pelo apoio nas decisões estratégicas nos locais em que atuamos”, falou o coronel. Ele destacou ainda a questão logística e financeira, nas quais o CBMPR foi bastante independente, tirando um peso das costas do estado afetado pelas enchentes. “Fomos muito elogiados no sentido de não levarmos qualquer tipo de ônus para o Rio Grande do Sul, apenas soluções”, acrescentou.

O Paraná foi o primeiro estado a chegar com ajuda às forças de segurança gaúchas. Nos primeiros dias, foi, inclusive, a primeira instituição a prestar auxílio à população de cidades afetadas, como Eldorado do Sul e São Sebastião do Caí. 

Para o major Gabriel, em que pese a destruição massiva de diversas cidades e a perda de tantas vidas na tragédia gaúcha, esse trabalho de resposta e de socorro à população traz um alento. “É complicado falar em coisas positivas em meio a um desastre desse tamanho. Mas o nosso balanço é que atuamos de maneira rápida e bem efetiva em tudo aquilo que nos foi demandado”, resumiu ele, que frisou o auxílio crucial nos primeiros dias de ocorrência, quando o cenário era caótico.

“Tivemos uma rápida mobilização. Chegamos lá ainda com chuva, então fizemos muitos salvamentos de pessoas em situação de risco à vida”, avaliou. Naquele período, várias pessoas e animais se encontravam ilhados, em função da subida brusca das águas. Muitos se abrigaram em locais arriscados e sem qualquer tipo de estrutura ou alimento, como em cima de árvores ou telhados.

O Corpo de Bombeiros do Paraná tem um histórico de solidariedade, estando presente sempre que a população, seja do Paraná ou de outras unidades da Federação, precisa. Foi assim em Brumadinho; em Petrópolis; no Rio de Janeiro; e nas duas recentes tragédias no Rio Grande do Sul, entre outras ocasiões. O desafio que se encerra neste sábado, porém, foi um dos mais complexos. É o que garante o major Gabriel.

“Foi um dos piores cenários que o Paraná, bem como os outros estados, já atuaram. Pela extensão, por ter envolvido enchentes, deslizamentos, estruturas colapsadas, eu acho que a gente pode dizer que é um dos mais, se não o mais complexo em termos de operação, pelo tamanho da área atingida”, finalizou.

Apesar do luto pelos irmãos gaúchos, a avaliação é de trabalho bem feito. “Temos a certeza de que a preparação, a organização e o trabalho da força-tarefa estão no caminho certo”, finalizou o subcomandante-geral do Corpo de Bombeiros Militar do Paraná.

O pior desastre natural do Rio Grande do Sul foi ocasionado pelas fortes chuvas que castigaram o estado entre abril e maio, afetando cerca de 95% dos 497 municípios daquela unidade da Federação. Milhares de pessoas ficaram desabrigadas e desalojadas, 177 morreram, 37 estão desaparecidas e mais de 900 ficaram feridas com o avanço das águas. O trabalho de limpeza e reconstrução - algumas cidades tiveram boa parte da estrutura e das residências destruídas - levará vários meses para ser concluído.

 

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