Reunião acende alerta para incêndios florestais em setembro 03/09/2024 - 17:59

Reunião periódica da Operação Quati João 2024.

 

O Corpo de Bombeiros Militar do Paraná (CBMPR) promoveu nesta terça-feira (3) a quarta reunião da Operação de Prevenção e Combate a Incêndios Florestais (Operação Quati João 2024). O encontro periódico, com a presença de representantes de diversos setores e unidades da Corporação e de entidades governamentais e civis, tem o intuito de discutir o período anterior e apresentar informações sobre as próximas semanas. O saldo deste quarto evento, executado de modo virtual, foi um sinal de alerta para o mês de setembro.

O cenário indicado pelo coordenador de Operação do Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental do Paraná (Simepar), Marco Jusevicius, é de que se repita em setembro o mesmo quadro visto em agosto. No mês passado, a falta de chuvas, aliada à baixa umidade relativa do ar e a fortes ventos, resultou em quase 3 mil incêndios florestais atendidos pelo CBMPR. Agosto teve ainda temperaturas máximas acima da média histórica.

“O próximo período apresenta as mesmas características de períodos anteriores, com tempo quente e seco, que acabaram redundando em incêndios de grandes proporções”, explica o coronel Antonio Geraldo Hiller Lino, subcomandante-geral do CBMPR. “Levamos então esse alerta para nosso efetivo e com isso temos a possibilidade de estar melhor preparados, deixando equipes de prontidão, para que sejam rapidamente deslocadas e colocadas em ação”, complementou o oficial. “Essas informações que recebemos nas reuniões periódicas nos ajudam nessa mobilização, para que seja mais efetiva, e que os danos causados pelos incêndios florestais sejam os menores possíveis”, disse.

De posse dos dados meteorológicos, a Corporação se viu inclusive obrigada a postergar ajuda a duas outras unidades da Federação. Justamente para não desfalcar o combate aos incêndios dentro de suas divisas. “Com essa possível intensificação de incêndios florestais nos próximos 15, 20 dias, decidimos não enviar, nesse momento, nossas tropas para o Mato Grosso do Sul e Rondônia, que haviam pedido auxílio. Com a eventual melhora do nosso prognóstico, ficamos à disposição para ajudar os estados irmãos”, comentou o subcomandante-geral do CBMPR.

Simepar – Pelo monitoramento do Simepar, o Paraná registrou cerca de 20 mil focos de calor em agosto, aproximadamente 6 vezes mais do que em julho. E a previsão é de potencial repetição desse roteiro em setembro. “Os focos de calor em agosto foram muito acima do esperado. Já se prevê que a estação de chuvas vai atrasar neste ano, vai ficar para outubro. Assim, setembro também terá pouca precipitação”, comentou Jusevicius.

A estimativa é que os primeiros 15 dias do mês sejam de muito calor e tempo seco em todo o Paraná, o que favorece o aparecimento e a propagação de incêndios florestais. Depois disso, uma semana de chuva de pouca intensidade e que não deve abranger todo o território paranaense - Norte, Noroeste e Oeste devem ter chuvas pouco significativas -, seguida de outro período de calor e pouca umidade.

O fenômeno La Niña, que proporciona justamente esse tempo seco e quente, ainda nem chegou ao Sul do país. Contrariando as projeções iniciais de que ele poderia aparecer entre julho e agosto, ele agora dá indicativos de que só vai afetar a região em setembro (66% de chances), permanecendo com menor grau de intensidade até janeiro de 2025.

Essa combinação de fatores deve levar o estado a superar com folga a marca de cerca de 12 mil incêndios florestais registrada no período de influência direta da La Niña no Paraná, entre 2019 e 2021. Em oito meses de 2024, essa estatística já passou de 10 mil ocorrências.

Durante o encontro também foram apresentados detalhes da atuação dos bombeiros em três incêndios florestais que marcaram o mês de agosto, em Maria Helena, Cianorte e no Parque de Vila Velha, nos Campos Gerais. A ajuda do Instituto Água e Terra (IAT), com pessoal, equipamentos e aeronaves, foi destacada e agradecida durante a reunião.

Presenças – Também participaram do evento o capitão Anderson Gomes das Neves, chefe do Centro Estadual de Gerenciamento de Riscos e Desastres (CEGERD), da Coordenadoria Estadual da Defesa Civil (CEDEC); Clarissa Carmona, da Associação Paranaense de Empresas de Base Florestal (APRE); Rafael Andreguetto, diretor do Instituto Água e Terra (IAT); Jean Alex dos Santos, gerente de Áreas Protegidas do IAT; Yury Vashchenko, da gerência de Áreas Protegidas do IAT; Letícia Koproski, médica veterinária e integrante da gerência de Biodiversidade, do IAT; Alexandre Tetto, professor e engenheiro florestal da Universidade Federal do Paraná (UFPR); Wilson Onório Batista, da Federação Paranaense de Montanhismo (FEPAM); e Rafael Gava, da Brigada Caratuva Rede Nacional de Brigadas Voluntárias.